Desafiaram o Luquinhas a dar um tapa na nuca do Gérson
e sair vivo para contar a história. O problema é que Gérson é o maior aluno da
classe, tanto em altura quanto em largura. E quase nunca está de bom humor.
Tudo começou quando Luquinhas, com sua língua
enorme, garantiu para meia dúzia de colegas de classe que não tinha medo de
nada. Muito menos do Gérson. E deu no que deu.
Agora, Gérson estava há apenas dois passos do
Luquinhas, sentado distraidamente num banco, sem suspeitar de nada. O tapa
tinha de acontecer ali e agora! Estavam todos de olho.
Luquinhas, então, sacou uma caneta de um dos bolsos
da calça, pintou um pequeno ponto preto na palma da mão e - VAPT! - meteu um
tapa bem dado no meio da nuca do Gérson.
– O que é isso, moleque? Perdeu o amor à vida? Vou
te arrebentar agora! - disse Gérson, babando de raiva.
– Mas, Gérson! Me arrebentar por quê, se acabei de
salvar a sua vida? - questionou Luquinhas.
A desculpa foi bem esfarrapada. Disse que um
mosquito venenoso havia pousado em sua nuca e o tapa o salvou de uma picada. Para
“provar”, mostrou a palma da mão e lá estava o ponto preto:
– Olha aqui, o mosquito esmagado!
Gérson pensou um pouco. Pouco mesmo, pois não era
de pensar muito. Acabou acreditando. Agradeceu e só lhe pediu que, da próxima
vez, batesse mais fraco.
Luquinhas saiu de cena com o peito estufado,
passando, com aquele olhar superior, diante dos chocados colegas de classe que não
acreditavam no que acabaram de ver. Depois, entrou no banheiro e, vejam só: nem
notou o xixi que fez nas calças há poucos minutos.