Pobre Luquinhas! Acontece cada coisa com ele, que
vou te contar, viu! Especialmente quando tem lição de casa num fim de semana.
Uma vez, foi o cachorro que comeu seu caderno
inteirinho. A lição de matemática estava toda lá. Luquinhas até levou o caderno
rasgado para “provar” que estava falando a verdade. Outra vez, Luquinhas teria
sofrido um acidente e quebrado o braço numa sexta-feira. Se não dava pra
escrever nada, como faria a lição de português? E, se acha que foi um problema
explicar como o mesmo braço estava curado logo na segunda-feira, você não conhece
bem o Luquinhas. Ele explicou que uma pomada milagrosa, que ainda não tinha nas
farmácias pois estava em “fase de testes”, foi aplicada no braço quebrado e o
deixou novinho em folha. E teve aquela vez em que foi abduzido por um
disco voador e não deu para entregar a lição de artes.
Luquinhas sempre contava uma dessas. Quase nunca
repetia estórias. Uma vez, morreu um bichinho de estimação muito querido e o
luto foi demais para ele se preocupar com a lição de ciências. Outra vez, teria
sido chamado para uma missão do Governo tão secreta que não podia dar “maiores
detalhes”, e não deu pra entregar a lição de música. E, de vez em quando, algum tio
distante vinha visita-lo e leva-lo para alguma viagem. Eita, Luquinhas! Que
agenda agitada, hein!
Nunca funcionava, é claro! A professora, sempre
muito paciente, ouvia todo o papo furado. Mas, no final, o resultado era sempre
o mesmo:
– Luquinhas! Nota zero!
Mesmo assim, Luquinhas continua tentando até hoje.
Pelo menos, é craque em redação. Afinal, uma imaginação tão fértil e essa
facilidade para contar estórias só poderiam render textos bem criativos, né?